Como curei meu vício em cirurgias plásticas


Eu estava bêbada numa segunda-feira à noite quando vi o link, estava em um post de spam em um fórum da internet que eu frequentava com frequência, dedicado aos que sofrem de vício em cirurgias plásticas.

O anúncio dizia que eles realizavam qualquer tipo de cirurgia, contanto que fossem pagos.

O post era composto apenas por uma frase simples, seguida por uma URL que era apenas uma longa sequência de letras e números.

Que preguiçosos, pensei. Eles nem sequer se preocuparam em disfarçar o link.

Balancei minha cabeça e apertei o botão de desligar no meu laptop. Pouco antes de fechá-lo, vislumbrei-me na tela negra. Fechei os olhos e suspirei com desgosto. O pior momento para ver meu reflexo era quando eu não esperava.

Meu nariz era delicado, pequeno e, obviamente, entupido de plásticas, meu queixo havia sido lixado, adquirindo um formato comprido e fino. Na maioria dos dias, eu poderia inclinar o meu rosto na frente do espelho e me dizer que eu era bonita, mas a ilusão era destruída sempre que acidentalmente me via em uma superfície refletiva.

O pior é que todos os cirurgiões que eu tinha me consultado haviam se recusado a me operar por "motivos morais".

Tentei não franzir a testa enquanto pensava nisso. Meu rosto já era feio o suficiente, e eu não precisava adicionar rugas na minha grande lista de problemas.

Hesitei por um momento, tomei mais um gole da minha bebida antes de abrir meu laptop e voltando a ligá-lo. Verifiquei novamente se meu antivírus estava ligado e cliquei no link. A página carregada era de um site surpreendentemente profissional, cheio de fotos de antes e depois, onde os olhos dos modelos estavam borrados. Algumas das transformações eram realmente incríveis.

O nome do cirurgião foi listado como Dr. Robert S. Ludlum. Joguei seu nome no Google e não obtive nenhum resultado, mas isso não era totalmente anormal para um cirurgião plástico não muito conhecido. Peguei a garrafa de vodca e me servi outro copo, sem me incomodar de adicionar mais suco de laranja. Eu estava tão bêbada que não me importava.


Não consegui descobrir o que estava escrito na URL... Vasculhei o site em busca de um número de telefone. Eu esperava um serviço de atendimento porque era quase meia-noite, mas em vez disso uma voz masculina entusiasmada respondeu.

"Olá!" Ele disse animadamente. "Aqui é o Dr. Ludlum, você precisa de alguma cirurgia?"

Alguma coisa no tom de voz dele me paralisou, e me senti arrependida por ter feito a ligação.

"Eu... não, número errado." Apertei o botão de desligar.

Mas então, a luz verde acima da tela do meu laptop acendeu, e a janela do software da webcam surgiu, e meu reflexo ficou muito mais claro do que na tela preta do laptop. Rapidamente desliguei, me perguntando se eu de alguma forma havia conseguido um vírus do site.

Mas, ao ver meu reflexo na webcam algo em mim se acendeu, e disquei os números novamente.

"Dr. Ludlum aqui! "A voz respondeu. "Você mudou de idéia?"

"Hmmm ... sim. Queria marcar uma consulta."

Eu realmente não sei o que foi que me fez tomar uma decisão tão precipitada. Talvez fosse o álcool, ou talvez eu queria tanto que esse lugar realmente existisse que ignorei as dúvidas que fervilhavam em mim.

Apareci na manhã seguinte às 11 horas. Eu estava preocupada com o fato do Dr. Ludlum trabalhar no almoço, mas ele simplesmente gargalhou, dizendo: "Quem é que precisa comer?"

O consultório estava em um desses edifícios indescritíveis que as pessoas alugam para pequenas empresas. Me senti um pouco melhor sobre toda aquela situação esquisita quanto vi outros escritórios funcionando ao redor.

Encontrei a porta 202A no final de um longo e desolado corredor no segundo andar. Bati uma vez, e quase que imediatamente um homem magro e de jaleco me atendeu.

"Senhora Stevenson?" Ele disse com entusiasmo.

"Dr. Ludlum?" Arrisquei.

"Você acertou!" Ele me deu um tapinha no ombro, como se eu tivesse acabado de ganhar um prêmio de um milhão de dólares.

"Então, Sra. Stevenson, nós operamos de uma forma um pouco diferente aqui.". O homem parou, olhou para mim por um momento em total silêncio e acariciou seu queixo. "Sim!" continuou. "Você já foi em um lugar cortar o cabelo?" Ele perguntou, empurrando uma pasta branca em direção as minhas mãos.

"Hmm.. sim?!" Respondi hesitante.

"É claro que já!" Ele quase gritou. "É o mesmo procedimento, você pode dar uma olhada nesses vários rostos e decidir qual você acha que é mais bonito, e então vou criar seu novo rosto de acordo.”

Senti uma pontada no estômago, algo me dizia para sair dali, mas cometi o erro de abrir o livro. As garotas ali eram o que eu sempre quis ser. Elas eram impecáveis, atraentes e, acima de tudo, completamente naturais.

Sem plásticas.

Não consegui ignorar aquela voz na minha cabeça, a voz que me levou a tomar decisões ruins durante minha vida inteira: 'Esta é a sua chance de ser bonita’, a voz dizia.

Antes de eu perceber, meu dedo estava parado em uma foto, e eu estava sendo conduzida para a sala de operações para a cirurgia.

A última coisa que vi foi o rosto magro do Dr. Ludlum sorrindo para mim.

Quando acordei, senti meu rosto diferente. Pensei que o Dr. Ludlum não deveria ter me dado anestesia suficiente, pois eu sentia dor até mesmo com cada mínimo movimento. Então, pelo canto do olho, vi outra cama na sala de operação. Eu podia ouvir o balbucio excitado do Dr. Ludlum atrás de mim, mas não consegui entender muita coisa sob o efeito da anestesia.

Por algum motivo, eu continuava olhando aquela cama no canto da sala. Alguma coisa naquela pessoa deitada parecia familiar. À medida que minha visão se tornava mais clara, percebi que o peito da mulher não estava mais subindo e descendo. Também notei a diferença de tom entre seu rosto e corpo. E, finalmente, conforme a anestesia desaparecia, percebi que o rosto dela havia sumido e ela estava usando o meu.

"Tão linda, não é?" O Dr. Ludlum sorriu para mim, empurrando um espelho na minha frente.

Meu coração parou quando vi o rosto que escolhi no livro costurado em mim.

"Infelizmente," continuou ele, aparentemente inconsciente da minha angústia "Sua amiga não ficou muito feliz com a transformação e tivemos que aumentar a anestesia para... Acalmá-la. Você está feliz, certo?"

Vislumbrei a mão do Dr. Ludlum com os dedos brancos em torno de uma agulha com o polegar no êmbolo.

Gemi de dor enquanto me obriguei a dar sorriso.

"Sim, eu disse. "Estou feliz."

"Sim, e linda, certo?"

As lágrimas correram como pequenos riachos de fogo pelas minhas bochechas.

"Sim." Solucei. "Eu sou linda."

Creepypasta traduzida do(a) autor(a) lifeisstrangemetoo

Comentários

  1. Eh, Creepy legal esperava algo diferente, mas curti, me surpreendeu, mais ou menos.
    7.5/10

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